O impacto sócio-econômico da Osteoporose
O impacto sócio-econômico promovido pela osteoporose aumenta à medida que a população envelhece, em virtude das conseqüências nefastas desta doença e suas complicações.
Em 1988, cerca de 15 mil fraturas do quadril foram registradas no Canadá, em ambos os sexos, projetando-se que 1,4 milhões de canadenses acima de 50 anos eram acometidos por osteoporose. Em 1993, essa cifra elevou-se para 25 mil.
Nas diferentes casuísticas estudadas, as fraturas de fêmur podem evoluir para óbito (12 a 25%) no primeiro ano pós-fratura, em decorrência de complicações relacionadas ao tempo que os pacientes permanecem no chão, aguardando socorro, ao tempo de imobilização no leito, às infecções respiratórias e a microembolia, geralmente gordurosa.
Na idade de 80 anos, 32% das mulheres e 17% dos homens são acometidos por fraturas de quadril, enquanto 42% das mulheres apresentam fraturas vertebrais.
Acompanhamento de cinco anos verificou uma sobrevida de 61% na população com fraturas secundárias a osteoporose, contra 76% de uma população controle. A patogenia destas fraturas relaciona-se a dois determinantes principais: Trauma e Diminuição da resistência óssea (massa + qualidade de microarquitetura).
O impacto social da osteoporose deve ser avaliado através de sua morbilidade, mortalidade e pelos custos diretos e indiretos resultantes dos diferentes programas assistenciais.
É difícil quantificar a morbilidade das fraturas osteoporóticas, contudo, estima-se que 6,7% das mulheres, após fraturas, ficam dependentes no desenvolvimento de suas atividades de rotina.
A avaliação do custo econômico total é também de difícil abordagem: admissão hospitalar, atenção ambulatorial, absenteísmo, além de despesas resultantes de implicações no atendimento domiciliar como, por exemplo, cuidados de enfermagem e reabilitação.
Os custos anuais do atendimento à osteoporose foram estimados, em 1990, em 100-150 milhões de dólares no Canadá e entre 7-10 bilhões nos Estados Unidos.
Com a constatação de que o crescimento da população idosa aumenta a cada dia e, a manter-se esta projeção, teremos nos próximos anos uma paciente osteoporótica em cada quatro mulheres caucasóides. Este crescimento populacional na faixa da terceira idade prevê um notável aumento na prevalência da osteoporose e suas complicações, tornando-a efetivo problema de saúde pública, por comprometer a independência funcional da mulher e de sua qualidade de vida.
Cerca de 66% das fraturas de fêmur evoluem sem comprometimento da independência do paciente, que se movimenta sem qualquer auxilio; porém, do grupo restante, cerca de 23% decorridos o primeiro ano pós fratura tendem a ter complicações que os confine ao leito ou à cadeira de rodas.
Considerando-se os mecanismos que interferem com a velocidade de perda de massa óssea nos diferentes indivíduos, reconhece-se que em 70% dos casos o principal determinante é a predisposição genética.
Os restantes 30% são influenciados por fatores ambientais ou individuais, reconhecidos como fatores predisponentes ou de risco. Alguns desses estão bem estabelecidos como sexo feminino, hipoestrogenismo, raça caucasóide, baixa massa muscular, idade e diminuição de massa óssea verificada pela densitometria.
Perda de massa óssea
Sexo Feminino Hipoestrogenismo Raça Caucasóide Baixa Massa Óssea Baixa Massa Muscular Sedentarismo Alcool e Fumo Baixa ingestão de cálcio Consumo de cafeina |
Embora diferentes casuísticas atribuam valores distintos aos fatores de risco, na maioria das vezes outras condições não tão bem estabelecidas podem se apresentar como predisponentes à osteoporose: sedentarismo, baixa ingestão de cálcio na dieta, história de osteoporose na família, antecedentes de fratura patológica, etilismo, tabagismo, consumo de cafeína, nuliparidade e estresse emocional.
Atualmente, devem ser considerados como fatores de risco críticos para a osteoporose:
- verificação de densidade mineral óssea ( DMO ) entre menos de 1,5 e nemos de 2,5 DP demonstrados pela densitometria óssea;
- verificação de fratura vertebral, ou deformidade vertebral através da avaliação radiológica;
- hipoestrogenismo não compensado;
- uso crônico de corticosteróides ( acima de 5 mg prednisona ao dia )
A avaliação destas condições na abordagem do paciente permite, a configuração do seu perfil e, dessa maneira, a composição de um dignóstico de presunção e precoce, da osteoporose, permitindo assim a introdução das medidas terapêuticas adequadas a cada paciente.
Melhore a qualidade do seu envelhecimento. Previna-se.
João Francisco Marques Neto (Reumatologista)
Prof. Titular de Reumatologia da FCM/UNICAMP
Consultor do Ministério da Saúde
Presidente-eleito da Sociedade Brasileira de Osteoporose (SOBRAO)